terça-feira, dezembro 21, 2010

História Geral da África - Coleção em português

8 volumes da edição completa.

Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010.

Resumo: Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.

Download gratuito (somente na versão em português):

Informações Adicionais:

08-12-2010

História Geral da África

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Em 1964, a UNESCO dava início a uma tarefa sem precedentes: contar a história da África a partir da perspectiva dos próprios africanos. Mostrar ao mundo, por exemplo, que diversas técnicas e tecnologias hoje utilizadas são originárias do continente, bem como provar que a região era constituída por sociedades organizadas, e não por tribos, como se costuma pensar.

Quase 30 anos depois, 350 cientistas coordenados por um comitê formado por 39 especialistas, dois terços deles africanos, completaram o desafio de reconstruir a historiografia africana livre de estereótipos e do olhar estrangeiro. Estavam completas as quase dez mil páginas dos oito volumes da Coleção História Geral da África, editada em inglês, francês e árabe entres as décadas de 1980 e 1990.

Além de apresentar uma visão de dentro do continente, a obra cumpre a função de mostrar à sociedade que a história africana não se resume ao tráfico de escravos e à pobreza. Para disseminar entre a população brasileira esse novo olhar sobre o continente, a UNESCO no Brasil, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (Secad/MEC) e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), viabilizaram a edição completa em português da Coleção, considerada até hoje a principal obra de referência sobre o assunto.

O objetivo da iniciativa é preencher uma lacuna na formação brasileira a respeito do legado do continente para a própria identidade nacional.

Baixar os 8 volumes da Coleção - AQUI

Programa Brasil-África: Histórias Cruzadas


Programa Brasil-África: Histórias Cruzadas

Promover o reconhecimento da importância da interseção da história africana com a brasileira para transformar as relações entre os diversos grupos raciais que convivem no país. Esta é a essência do Programa Brasil-África: Histórias Cruzadas, instituído pela UNESCO no Brasil, a partir da aprovação da Lei 10.639, em 2003, que preconiza o ensino dessas questões nas salas de aulas brasileiras.

Desde então, o processo de implementação da Lei da Educação das Relações Étnico-Raciais nos sistemas de ensino brasileiros vem enfrentando desafios, entre eles a necessidade de desenvolvimento de uma nova cultura escolar e de uma nova prática pedagógica que reconheça as diferenças étnico-raciais resultantes da formação da sociedade brasileira. Para contribuir com esse processo, o programa Brasil-África: Histórias Cruzadas da UNESCO atua em três eixos estratégicos, complementares e fundamentais:

  • 1. Acompanhamento da implementação da Lei
  • 2. Produção e disseminação de informações sobre a história da África e dos afro-brasileiros
  • 3. Assessoramento no desenvolvimento de políticas públicas
O objetivo dessa atuação é identificar pontos críticos, avanços e desafios na implementação da Lei, bem como para cooperar para a formulação de estratégias para a concretização de políticas públicas nesse sentido, além de sistematizar, produzir e disseminar conhecimentos sobre a história e cultura da África e dos afro-brasileiros, subsidiando as mudanças propostas pela legislação.

Para a UNESCO, apoiar a implementação da lei da Educação das Relações Étnico-raciais é uma maneira de valorizar a identidade, a memória e a cultura africana no Brasil – o país que conta com a maior população originária da diáspora africana.

A partir do momento em que as origens africanas na formação da sociedade brasileira forem conhecidase reconhecidas e as trocas entre ambos disseminadas, se abrirão importantes canais para o respeito às diferenças e para a luta contra as distintas formas de discriminação, bem como para o resgate da autoestima e aconstrução da identidade da população. Somados, esses canais contribuirão para o desenvolvimento do país.

Assim, o trabalho com esses tópicos nas escolas e nos sistemas de ensino proposto pela legislação nacional, em última instância, leva os alunos e a sociedade a valorizar o direito à cidadania de cada um dos povos.

Tudo isso encontra uma forte convergência com o trabalho da UNESCO, que atua em todo o mundo declarando que conhecer melhor outras civilizações e culturas permite tanto compreender a segregação e os conflitos raciais como afirmar direitos humanos.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Brasil financia fábrica para combater a Aids na África

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Brasil financia fábrica para combater a Aids na África

02/12/2010

A fábrica de medicamentos antirretrovirais que o Brasil está financiando em Moçambique vai ajudar os países africanos a combater a Aids. Em implantação, a fábrica até o final de 2011 deverá estar produzindo 250 milhões de comprimidos ao ano. Foi o que adiantou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, - 01/12/2010 - Dia Mundial de Combate à Aids, acrescentando que os equipamentos já foram comprados e o Brasil vai colaborar, também, no treinamento dos funcionários. A unidade custará US$ 21 milhões.

“O combate à Aids é, ao lado do combate à fome e à miséria, a solução para o nascimento de uma nova África”, apontou Lula. O ministro José Gomes Temporão, da Saúde, declarou que “ao invés de doar alimentos, como fazem os países ricos, estamos ensinando a produzir genéricos”.

60 mil mortes por ano

Hoje, 80% dos recursos financeiros para a aquisição de medicamentos em Moçambique vem de países doadores. Com a fábrica, Moçambique vai adquirir conhecimento da tecnologia na produção pública de medicamentos, reduzindo sua dependência e ampliando a autonomia no setor. Moçambique é um dos dez países do mundo mais afetados pela doença. A Aids provoca 60 mil mortes por ano. O país tem índice de prevalência de 11,5% entre homens e mulheres de 15 a 49 anos de idade. No meio rural, o percentual cai para 9,5%. Mas, nas cidades, chega a 15,9%. No Brasil, por exemplo, o índice é de 0,5%. Hoje, a África tem mais de 22,5 milhões de pessoas contaminadas pelo HIV.


255 mil não sabem

No Brasil, existem atualmente 630 mil infectados e, entre eles, cerca de 255 mil não sabem que são portadores da doença. Por isso, o número de testes de HIV distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) cresce ano a ano. A distribuição de testes quase triplicou passando de 3,3 milhões em 2005 para 8,9 milhões em 2009.

Outra iniciativa que pode facilitar o diagnóstico, foi lançada pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz, também nesta quarta-feira. O novo teste brasileiro, que passará a ser utilizado já em 2011, apresenta o resultado em 25 minutos, enquanto o tradicional leva quase um mês, e têm custo cinco vezes menor para o governo federal.


Falha na prevenção

Entre os desafios do combate à Aids no Brasil, está o atraso no diagnóstico e as falhas na prevenção. Pesquisa do Ministério da Saúde atesta que, entre os jovens, 39% não usam camisinha nas relações sexuais, apesar de reconhecerem que essa é a melhor forma de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

Por isso, o governo federal pretende focar – com a nova campanha agora lançada contra o preconceito diante da doença — nos jovens de 15 a 24 anos. Quer alertá-los para os riscos da infecção. É a faixa etária com o maior número de parceiros casuais.

O “Dia Mundial de Luta contra a Aids” foi instituído como forma de despertar a necessidade de prevenção, de promoção do entendimento sobre a pandemia e de incentivar a análise sobre a doença pela sociedade e órgãos públicos. No Brasil, a data começou a ser comemorada no fim dos anos 1980.

Fonte: Brasília Confidencial


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sábado, outubro 30, 2010

Os Fantasmas da Europa


Os Fantasmas da Europa

"É portanto altura de exorcizarmos também os fantasmas da nossa elite dirigente estrangeirada e pensarmos antes de tudo no nosso papel, aqui, ou a partir daqui", diz o escritor angolano Pepetela.

Da Redação, com revista África 21

Brasília - “ (…) Já é altura de começarmos muito claramente a considerar que a Europa, cansada, pouco de bom nos tem mostrado, salvo ilustríssimas excepções. Já nos ensinou a caça aos fantasmas, com o tráfico de escravos e o colonialismo. Há pouco tempo queria ensinar-nos a fazer paz, no que desconseguiu: aprendemos por nós próprios. E nem sequer tem tido grande sucesso nos mambos internacionais em que procura se imiscuir. De facto, não conheço nenhum êxito", escreve Pepetela, um dos autores africanos mais conhecidos no Brasil, em crônica publicada na edição de outubro da revista África 21.

"É portanto altura de exorcizarmos também os fantasmas da nossa elite dirigente estrangeirada e pensarmos antes de tudo no nosso papel, aqui, ou a partir daqui", diz o escritor angolano.

Leia a crônica do escritor angolano na edição de outubro 2010 da revista África21
(disponível online futuramente)

Extraído de Revista África 21

Carteira de motorista do Brasil é reconhecida em Moçambique

Moçambique ratifica acordo que reconhece validade da carteira de motorista do Brasil

O entendimento foi assinado em junho, em Brasília.
Para entrar em vigor, ainda depende da aprovação do Congresso Nacional brasileiro.

Da Redação, com Agência Brasil

Maputo – O governo de Moçambique ratificou um acordo que reconhece a validade da carteira de motorista brasileira em seu território. O entendimento foi assinado em junho, em Brasília. Para entrar em vigor, ainda depende da aprovação do Congresso Nacional brasileiro.

“Será bom para os brasileiros que residem aqui, porque vai permitir dirigir em todos os países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral [SADC, a sigla em inglês] e também em Portugal, afirma Leônidas Coelho, secretário da embaixada brasileira em Maputo.

A SADC é formada por 14 países – a África do Sul, Angola, Botsuana, o Congo, Lesoto, Madagascar, Malawi, as Ilhas Maurício, Moçambique, a Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e o Zimbábue.

O acordo prevê que as carteiras originais são válidas por seis meses a partir da entrada do estrangeiro no país. Para mais tempo que isso, o interessado precisa trocar o documento por uma carteira do país que o recebe. Mas terá de fazer só os exames médicos.“Tendo passado nos exames, ele recebe uma carta de condução equivalente à que tinha em seu país”, explicou o porta-voz do Conselho de Ministros de Moçambique, Alberto Nkutumula.

O entendimento elimina boa parte da burocracia atual, que inclui até deixar a carteira brasileira depositada com a autoridade de trânsito moçambicana, por exemplo.

Não há previsão de quando o acordo será analisado pelo Congresso brasileiro. Quando começar a valer, o acordo também permitirá a moçambicanos conduzirem automóveis no Brasil portando apenas a habilitação de seu país, nos mesmos prazos e condições.

Extraído de Revista África 21 digital


TV Brasil inaugura Canal Internacional e inicia para África

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TV Brasil inaugura Canal Internacional que inicia transmissões para África
Publicado em 24 de maio de 2010

A TV Brasil deu início, desde 24 de maio de 2010, às transmissões de seu canal internacional em solenidade no Palácio do Itamaraty, que contou com a participação do Presidente Lula, de ministros de Estado e membros do corpo diplomático.

O canal internacional tem sinal disponível para 49 dos 53 países da África. 0 presidente de Moçambique, Armando Guebuza, fez uma saudação, gravada e transmitida pela TV Brasil Internacional, no início das transmissões do canal público brasileiro para o Continente Africano.

O presidente Lula disse que é preciso acabar com o preconceito de que tudo que é privado é bom e o que é público é ruim, afirmando que “é possível fazer uma TV pública de qualidade, republicana, que não seja chapa branca nem seja oposição a priori, mas que tenha isenção nas reportagens.” Para o presidente, a rede pública de televisão e sua expansão pelo mundo permitirão que “o Brasil seja desvendado para o mundo ao mostrar o que o país tem de melhor”. “Eu não queria uma TV para falar bem do Lula. Eu queria uma TV para falar bem do país, que possa mostrar o Brasil como ele é.”

Antes da fala do presidente Lula, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, lembrou que, além do canal internacional que estava sendo lançado, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) já consolidou a Rede Pública de Televisão - que reúne as empresas públicas estaduais e universitárias - além da TV Web, que permitirá o acesso, de qualquer lugar do mundo, da TV Brasil e o operador único de rede que integrará os sinais das TVs públicas federais. ... "A TV pública trata o telespectador como cidadão, enquanto a TV comercial trata o cidadão como consumidor”, acrescentou.

Para a diretora-presidente da EBC, jornalista Tereza Cruvinel, “tal como os canais internacionais das TVs públicas de outros países, a TV Brasil Internacional será um canal da nacionalidade brasileira, um instrumento de divulgação de país, do povo brasileiro, da cultura, da riqueza e da diversidade do Brasil.”

Tereza Cruvinel disse que o continente africano foi escolhido como primeiro destino do canal em reconhecimento da enorme contribuição para nossa formação como povo e como civilização. Iniciar as transmissões do canal Internacional da TV pela África é como o resgate de uma dívida, que não se paga com dinheiro, que o Brasil tem para com aqueles países, especialmente os de língua portuguesa.

A gerente-executiva da TV Brasil Internacional, jornalista Marilena Chiarelli, afirmou que um outro objetivo da TV Brasil Internacional, além de levar aspectos culturais, políticos e econômicos do Brasil para o exterior, será abrir um canal para os mais de três milhões de brasileiros que vivem no exterior e que não querem perder o contato com o país de origem.

Em breve, a TV Brasil Internacional será transmitida para América Latina, Estados Unidos, Canadá e Europa.

Fotos da Agência Brasil sobre o lançamento do canal internacional

Extraído de TV Brasil

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domingo, setembro 19, 2010

Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT-BR) testa ponte estaiada da Argélia

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IPT testa ponte estaiada da Argélia

17/9/2010

Agência FAPESP – Um modelo da Constantine Viaduct, ponte estaiada com 800 metros de extensão que está sendo construída em Constantine, na Argélia, foi submetido a ensaios no túnel de vento do Centro de Metrologia de Fluidos (CMF) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).


“O principal objetivo dos ensaios no túnel de vento foi o fornecimento dos coeficientes de forças aerodinâmicas e dos deslocamentos induzidos pelo escoamento no tabuleiro da ponte. Eles darão segurança ao projetista na inclusão de elementos que resistirão a determinadas situações”, disse Antonio Pacífico, pesquisador do IPT.

Segundo o instituto, o modelo em escala 1:50 da ponte foi submetido a jatos de ar que reproduziram algumas forças que a futura construção sofrerá, como o vento natural do entorno e turbulência. Isso permitiu as medições de forças e deslocamentos induzidos pelo vento sobre a estrutura.

A Constantine Viaduct será uma ponte de estais, terá um vão livre de 245 metros e seu tabuleiro será sustentado por mastros de 60 metros de altura. Ela estará localizada em uma região sujeita a abalos sísmicos.

Esse é o segundo trabalho que o IPT realiza para a cidade africana. Em 2008, técnicos do Centro de Tecnologia de Obras de Infraestrutura (CT-Obras) fizeram uma avaliação da ponte Sid Rached.



Mais informações: www.ipt.br
Extraído de Agência FAPESP
Croqui por Revista Techne

segunda-feira, setembro 13, 2010

Sobas e reis africanos advogam reconciliação afro-africana

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Sobas e reis africanos advogam reconciliação afro-africana


Tripoli, Líbia (PANA) - O segundo fórum dos reis, sultãos, emires e sobas africanos lançará um programa de reconciliação afro-africana a fim de resolver conflitos e crises prevalecentes em certas regiões do continente africano.

De acordo com um comunicado final do seu encontro, realizado a 9 de Setembro, em Tripoli, este programa será levado a cabo por um conselho de sábios composto por vários reis, sultãos e líderes tradicionais com o patrocínio e apoio do guia líbio, Muamar Kadafi.

Os participantes afirmaram que os problemas e conflitos que sacodem certas regiões do continente causam perdas de vidas humanas e entravam a consolidação do desenvolvimento e a resolução dos problemas crônicos do continente, nomeadamente a pobreza, o obscurantismo e doenças.

Eles condenaram por outro lado ataques racistas contra religiões por certos países que impedem a construção de mesquitas e demolem-nas.

Na sua opinião, estes comportamentos agressivos visam semear discórdias entre as populações africanas de várias religiões que coabitam em paz e segurança.

O comunicado rendeu homenagem à posição do guia líbio, Muamar Kadafi, por defender a causa dos emigrantes africanos para a Europa.

Também saudaram o seu apelo forte, do alto da tribuna da Assembléia Geral das Nações Unidas, para que as antigas potências coloniais indenizem as populações africanas após as terem colonizado e roubado suas riquezas.

O fórum felicitou igualmente Kadafi pelo seu pedido formal para a implementação de projetos de desenvolvimento no continente africano a fim de compensar os fundos pilhados em África durante o período colonial.

O reis e líderes tradicionais africanos expressaram igualmente a sua consideração aos dirigentes africanos sinceros que colaboram com o guia líbio com vista a transformar a Commission da União Africana (CUA) numa Autoridade da União.

Eles apelaram ao punhado dos dirigentes africanos ainda reticentes, quanto a esta resolução, para respeitaram as aspirações das populações e aceleraram a sua adoção antes que seja tarde demais ou que a sua hesitação seja considerada como uma traição dos seus povos, das suas pátrias e de África.

Trípoli - 11/09/2010

Extraído de PanPress
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UFRGS instalar pólo de estudos de desenvolvimento rural, em Cabo Verde

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UFRGS vai instalar em Cabo Verde um pólo de estudos de desenvolvimento rural

O pólo vai permitir que professores e alunos da UFRGS acompanhem e orientem os agricultores cabo-verdianos.

Da Redação

Brasília - A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Brasil, vai instalar em Cabo Verde um pólo de estudos de desenvolvimento rural. O anúncio desta iniciativa aconteceu durante a visita do ministro da Agricultura brasileiro, Guilherme Cassel, às instalações da Universidade.

Este pólo resulta de um convênio assinado pelo ministro Guilherme Cassel e o reitor Carlos Alexandre Netto, no sentido de criar um programa de pós graduação em desenvolvimento rural e um programa de capacitação para técnicos e gestores em Cabo Verde.

O ministro Cassel ressaltou que “esta parceria vai permitir a avaliação e a correção de rumo na aplicação de políticas públicas, conforme as necessidades das comunidades rurais do Brasil e agora das comunidades africanas.”

O pólo de estudos de desenvolvimento rural vai permitir que professores e alunos da UFRGS acompanhem e orientem os agricultores cabo-verdianos. Oferecer ’know how’ e definir políticas públicas, num intercâmbio para difundir conhecimentos e experiências para o fortalecimento da agricultura familiar com Cabo Verde são os objetivos desta parceria.

As informações são do site ASemana.

Extraído de África 21
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União Africana recompensa cientistas africanos

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UA recompensa cientistas africanos

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - A União Africana (UA) identificou cinco cientistas africanos para lhes entregar prêmios de excelência pelas suas realizações na área das ciências, indicou a Comissão da UA num comunicado.

Os cientistas deverão receber os prêmios a 9 de Setembro (2010) na sede da Comissão da UA, em Addis-Abeba, na Etiópia, de acordo com a fonte.

A cerimônia de entrega dos prêmios às mulheres cientistas da UA coincidirá com o Dia da UA, celebrado a cada 9 de Setembro em todo o continente negro.

A Comissão da UA comprometeu-se a apoiar a divulgação da ciência e da tecnologia junto dos cidadãos africanos, recompensando as suas realizações, nomeadamente iniciativas destinadas à transformação da pesquisa científica num desenvolvimento sustentável.

A Comissão da UA lançou o prestigioso programa de prêmios científicos em 2008, graças ao apoio dos parceiros no desenvolvimento.

O programa é executado para jovens pesquisadores a nível nacional, para mulheres cientistas a nível regional e para todos os cientistas a nível continental, lê-se no comunicado.

O programa de prêmios regional tem como objetivo incentivar as mulheres africanas a interessarem-se pela ciência.

Fonte PanaPress

recebido de Geledés

A fórmula de Albert Einstein "E=mc2" em frente ao Berlin's Altes Museum, em 2006
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quarta-feira, setembro 08, 2010

Pelas tradições arquitetônicas africanas

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Francis Diébédo Kéré: "As grandes tradições arquitetônicas africanas não são valorizadas e ensinadas".

Franck Houndégla entrevista Francis Diébédo Kéré

O domínio da arquitetura contemporânea é provavelmente aquele cujos autores e criações são os menos conhecidos no continente africano e no mundo. Jovens arquitetos como Francis Diébédo Kéré ou a "estrela" David Adjaye (1) tem sido reconhecidos nos últimos anos, em nível internacional, por arquiteturas inovadoras e rigorosas no plano formal, técnica e ambiental.
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Francis Diébédo Kéré: “Les grandes traditions architecturales africaines ne sont pas valorisées et enseignées". entretien de Franck Houndégla avec Francis Diébédo Kéré

Le domaine de l'architecture contemporaine est probablement celui dont les auteurs et les créations sont les plus méconnus sur le continent africain et au-delà.

De jeunes architectes comme Francis Diébédo Kéré ou la “star” David Adjaye se sont fait remarquer ces dernières années au niveau international par des architectures innovantes et exigeantes sur les plans formel, technique et environnemental.
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Domus, la célèbre revue italienne d'architecture et de design, affichait sur la couverture de son numéro 927 de juillet-août 2010, le visage de Francis Diébédo Kéré. Ce signe confirmait la reconnaissance internationale du travail de ce jeune architecte burkinabé.

Natif de Gando dans la province du Boulgou, Francis Diébédo Kéré fait partie de cette génération d'architectes africains qui exercent au sein de plusieurs mondes culturels, plusieurs géographies. Son parcours l'a mené du Burkina Faso, où il a grandi et fut charpentier, à l'Allemagne où il est devenu architecte.

Aujourd'hui, depuis son agence installée à Berlin qui réunit huit personnes, il construit non seulement au Burkina mais en Suisse, au Mali, en Chine, au Togo ou en Espagne. Il collabore actuellement avec le metteur en scène Christoph Schlingensief au projet Festspielhaus Afrika. Une salle d'opéra qui sera construite dans un pays d'Afrique. Il prépare également la livraison du Parc National du Mali à Bamako (voisin du Musée National du Mali).

En 2004, Francis Kéré a reçu le prestigieux Prix Aga Khan d'architecture pour l'école de Gando au Burkina Faso, prix instauré par Karim Aga Khan en 1977 pour récompenser l'excellence en architecture dans les sociétés musulmanes.

Il a également été lauréat de prix tels que le “Zumtobel Award for sustainable Architecture”, le “BSI Swiss Architectural Award” ou le “Global Award for Sustainable Architecture 2009”. En 2007 il est fait chevalier de l'ordre national du Burkina Faso 2007 pour l'extension de Gando, et enseigne désormais à la Technische Universität Berlin.

Son travail sera présenté dans le cadre de l'exposition “Small Scale, Big Change: New Architectures of Social Engagement” qui se tiendra au Museum of Modern Art - MOMA (New York) du 3 octobre 2010 au 3 Janvier 2011. Rencontre.

Pouvez-vous nous raconter l'histoire du projet de l'école de Gando (Burkina Faso) dont le bâtiment fut récompensé en 2004 par le prix Aga Khan ?

À l'origine se trouve l'association “Schulbausteine für Gando” (Les briques pour l'école de Gando) fondée avec des membres de ma famille à Gando et des personnes du village dans le but de construire une école sur place. Ce projet que j'ai porté à travers mon travail d'étudiant a reçu le prix Aga Khan d'architecture quelques mois après ma sortie de l'école d'architecture. Ce projet a pu voir le jour car il avait une assise locale. Il s'appuie sur l'engagement de la famille et de la population du village.

Pourquoi avez-vous choisi de vous installer en Allemagne ?

Lorsque j'étais charpentier au Burkina Faso, j'ai obtenu une bourse d'études d'une fondation destinée à favoriser les échanges entre l'Allemagne et les pays dits en voie de développement. C'est comme cela que s'est fait ce lien avec l'Allemagne.

Basé à Berlin, vous développez des projets d'architecture en Europe, Afrique ou en Asie. Comment vous organisez-vous au quotidien pour suivre ces différents projets ? Avec quelle structure ?

Aujourd'hui je travaille avec une équipe de base de huit personnes, avec lesquelles je partage une même approche de l'architecture. Cette équipe peut s'agrandir par des collaborations selon les projets.

Quelle est votre vision de l'urbanisme et de l'architecture des villes africaines que vous connaissez ? Pouvez-vous donner des exemples ?

Je regrette qu'il y ait en Afrique si peu de débats aujourd'hui sur la place de l'architecture et des architectes dans la fabrication du cadre de vie et l'aménagement du territoire. Notre rôle n'est pas seulement architectural ou urbain mais aussi politique. Les villes africaines que je connais montrent rarement une véritable personnalité architecturale contemporaine. On a le sentiment que la qualité et les savoirs faire que l'on voit dans l'architecture “vernaculaire savante”, dans l'architecture coloniale puis dans l'architecture moderniste des années 50 à 70 se sont perdus. Depuis les années 80, il y a peu de propositions satisfaisantes des points de vue culturel, esthétique et constructif.

Sous la pression économique, on veut construire trop vite. Le béton n'a plus le temps de bien “prendre” et les maisons s'écroulent. Pourquoi ? Ceux qui dessinent et ceux qui construisent ne sont parfois pas qualifiés.

D'autre part, les Africains doivent accepter leurs propres origines. Partout sur terre, on rencontre un art de bâtir. Les grandes traditions architecturales africaines ne sont pas valorisées et enseignées. Les savoirs-faire locaux se perdent par manque de documentation. On pense qu'ils ne sont pas innovants, mais aujourd'hui la construction en terre est considérée à nouveau comme source d'innovation dans le monde entier.

Il y a aussi un manque de dialogue entre les nombreux architectes du continent, dû à la peur du débat, à la barrière de la langue et aux distances.

Pour résumer c'est un problème de formation, d'information et d'échanges d'idées.

Pourquoi y a-t-il une telle méconnaissance internationale du fait urbain en Afrique ?

Je vais paraître dur mais pour moi, dans ce que je connais de l'Afrique, on rencontre trop de mauvaises copies des façons de construire en Occident.

La ville africaine n'existe pas dans les médias car ils préfèrent parler de l'original que de la copie. Souvent ces villes n'ont aucun ou n'ont plus de caractère propre contrairement à des villes comme New York mais aussi comme Djénné, qui est une ville africaine très connue. Il faudrait que les identités de villes correspondent à la façon de vivre des gens, à la notion de plaisir urbain…

On regarde de haut les bidonvilles et les quartiers non-lotis. Mais ces quartiers qui recèlent des inventions deviendraient “de la ville” grâce des infrastructures basiques. Mais comme on n'a pas la capacité technique de redessiner et équiper ces quartiers, ils restent en l'état. Il ne s'agit pas de créer des Champs-Élysées partout mais de faire avec le contexte.

A Ouagadougou, il faut arrêter les lotissements basés sur le modèle européen qui s'appuie sur une culture industrielle à même de produire les infrastructures nécessaires. En Afrique, chacun veut un terrain mais comme les infrastructures qui vont avec ne viennent pas, on détruit la nature et les champs. Au Burkina, les gens vivent au-dehors, ils ne vivent pas verticalement comme en Europe. La cuisine est dans la cour. Les maisons à étages et les immeubles d'habitation ne correspondent pas au mode de vie et à la culture de l'espace.

Les architectes ont une responsabilité dans le développement des modèles architecturaux. Face à la faiblesse de l'économie et au manque de volonté des commanditaires, qui ne veulent se donner les moyens de la qualité, les architectes doivent montrer qu'ils ne sont pas uniquement des techniciens, sinon on les remplace par des ingénieurs ou par des maçons. C'est ce qui se passe aujourd'hui.

En tant qu'architecte qui développe des projets de haut niveau, comment envisagez-vous la transmission de votre vision, de votre expérience et de votre métier, notamment sur le continent ?

Comment se fait la transmission d'un savoir ? Il y a nécessité de créer des structures d'apprentissage, de recherche et de diffusion. Je travaille à la mise en place de centres de ce type au Burkina. Il faut documenter les expériences et les publier. Nous devons former des jeunes aux cultures constructives, former des maçons avec des compétences supérieures capables de travailler dans différentes régions. Ils seront certes plus chers que les autres, mais travailleront dans des créneaux d'excellence.

Pour poursuivre cette réflexion: comment voyez-vous la réussite internationale d'architectes comme David Adjaye (1) ou vous-même ? Les réussites semblent avant tout individuelles. Pensez-vous que l'on puisse “réussir” collectivement en Afrique et dans la diaspora ?

En terme de “réussite” tout est relatif et fragile. Malheureusement la réussite de la diaspora est avant tout individuelle. Il faut certes partir de soi, de ses capacités, mais cette façon individuelle de “réussir” peut aussi stimuler d'autres gens ou d'autres groupes. L'important est à terme d'arriver à monter des projets collectifs. Il faut tenter, faire des propositions, expérimenter. C'est comme cela que l'on développera la qualité de l'architecture.

(1) Architecte d'origine ghanéenne, né en Tanzanie, David Adjaye a été choisi par Barack Obama pour bâtir le Museum of African American History and Culture au pied de la Maison-Blanche
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Pour connaître le travail et l'actualité de Francis Diébédo Kéré:
http://www.kere-architecture.com

Exposition “Small Scale, Big Change: New Architectures of Social Engagement
Museum of Modern Art - MOMA (New York)
3 octobre 2010 - 3 Janvier 2011
MOMA

A consulter:
Festspielhaus Afrika

A lire (revues d'architecture, design, paysage):
Domus - n° 927, juillet-août 2009
L'Architecture d'Aujourd'hui - n° 374, octobre 2010
Icon Magazine - n°84, juin 2010
Arqa - n° 78-79, mars-avril 2010
Topos - n° 70, 2010
Lotus - n° 140, 2009-2010

Estraído de Africultures

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terça-feira, setembro 07, 2010

Brasil vai montar fábrica de antirretrovirais no continente africano

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Empresa que vai montar fábrica de antirretrovirais na África deve ser conhecida na semana que vem

Eduardo Castro Correspondente da EBC na África 07/09/2010 - 07:27

Maputo (Moçambique) – O embaixador brasileiro em Moçambique, Antonio Souza e Silva, disse hoje (7 de setembro de 2010) que espera para a semana que vem a definição do nome da empresa que vai montar a fábrica de antirretrovirais patrocinada pelo Brasil.

“Estamos avaliando e ajustando as propostas”, disse ele em Maputo, durante as cerimônias de comemoração do Dia da Vitória, data na qual Moçambique e Portugal assinaram o acordo que culminaria na independência do país africano, em 1975.

Souza e Silva não deu detalhes sobre as empresas que estão na disputa. A Agência Brasil apurou que os orçamentos apresentados variam entre US$ 3 milhões e US$ 14 milhões. A maior parte da verba para a montagem virá do Brasil, com base num acordo de cooperação assinado entre os dois países.

Pelo acordo, a gestão técnica da fábrica será da Fundação Oswaldo Cruz. A instituição já treinou 20 técnicos moçambicanos.

A planta será instalada em um galpão na cidade da Matola, vizinha à capital Maputo, junto com uma fábrica do governo moçambicano que já produz soro fisiológico e glicose.

O Congresso Nacional brasileiro aprovou a destinação de R$ 13,6 milhões para o projeto em dezembro do ano passado, depois de uma espera que começou em 2003, com o anúncio da intenção do governo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Será a primeira fábrica pública de remédios antiaids no Continente Africano. Laboratórios privados produzem antirretrovirais em pequena escala em Uganda, no Quênia e na África do Sul.

(1) Numa primeira fase, ela vai apenas embalar os comprimidos. (2) A segunda fase envolve a produção local e a troca de tecnologia. Além de antiretrovirais, a fábrica vai produzir medicamentos para combater a tuberculose e a malária.

Edição: Graça Adjuto
Extraído de Agência Brasil

terça-feira, agosto 31, 2010

Unesp assina acordo com universidades africanas


Unesp assina acordo com universidades africanas

24/8/2010

Agência FAPESP – A Universidade Estadual Paulista (Unesp) assinou um acordo de cooperação com cinco universidades africanas de língua portuguesa.

O objetivo do acordo, assinado na semana passada no encerramento do Seminário Brasil-África, é estimular o intercâmbio acadêmico, científico e técnico com universidades lusófonas.

Segundo a Unesp, o acordo envolve parcerias com as universidades Agostinho Neto (Angola), Lusófona de Cabo Verde, Lusófona da Guiné (Guiné Bissau) e Eduardo Mondlane e Universidade Pedagógica (as duas de Moçambique).

A concessão de bolsas de estudo para dois alunos de graduação de cada universidade africana por semestre foi uma das medidas anunciadas. Os acordos preveem ainda o intercâmbio de professores e estudantes, o desenvolvimento de projetos de pesquisa conjunta e a realização de eventos científicos.

Outras propostas incluem o reforço da capacitação do corpo docente e de servidores, colaboração na área de saúde com a realização de cursos de formação e treinamento a distância para profissionais da área, intercâmbios na área de empreendedorismo e inovação, promoção de estágios de curta duração e apoio a programas de pós-graduação das universidades envolvidas.

Mais informações: www.unesp.br

Extraído de Agência FAPESP
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quinta-feira, agosto 05, 2010

Golfo do México e Delta do Níger: tratamento desigual


Empresas petrolíferas contaminam manguezais do Níger

SÃO PAULO, 2 de julho de 2010 - A água do Delta do Níger, área de manguezais perto de Bodo, um dos diversos povoados desta região localizada no Golfo da Guiné na África ocidental, apresenta reflexos de arco-íris, devido ao petróleo que vaza dos oleodutos. Há décadas, esta região pantanosa e rica em hidrocarbonetos no sul da Nigéria, onde operam diversas multinacionais petroleiras, está contaminada por vazamentos. Entre 9 e 13 milhões de barris vazaram nos últimos 50 anos, segundo um estudo realizado em 2006 por especialistas nigerianos, americanos e britânicos.
Segundo eles, isso representa um vazamento a cada ano equivalente à mancha de óleo causada pelo naufrágio do "Exxon Valdez" no Alasca em 1989. É um desastre ecológico despercebido e, no entanto, mais grave que a atual catástrofe no Golfo do México, segundo as autoridades nigerianas.

Longe do primeiro plano da atenção da mídia, os 30 milhões de habitantes do Delta do Niger - região pobre apesar de abrigar oleodutos e milhares de poços de petróleo -, viu como seus recursos foram degradados com o passar dos anos.

O ar úmido durante esta estação chuvosa está carregado pelo odor fétido da gasolina, e uma espessa camada de óleo cobre a areia. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUE) efetua atualmente um estudo de impacto desta contaminação em Ogoniland, onde Bodo está localizado.

"Há centenas de lugares contaminados (...) entre eles alguns importantes por seu tamanho que representam uma séria ameaça para a saúde e o meio ambiente", explicou Michael Cowing, responsável pelo projeto. A expectativa de vida aqui é de 45 a 50 anos, e de 55 a 60 anos no restante do país, segundo as autoridades.

As informações são da Agência Brasil.
(Redação - Agência IN)
18:46 - 02/07/2010

Longe do Golfo do México, vazamentos de petróleo aterrorizam há 50 anos

Por ADAM NOSSITER
16 de junho
Fonte: The New York Times

Bodo, Nigéria – Os grandes derramamentos de óleo já não são mais notícia nesta vasta terra tropical. O Delta do Níger, onde a riqueza abaixo da terra contrasta de forma gritante com a pobreza na superfície, tem resistido ao derramamento de petróleo equivalente a um Exxon Valdez ao ano, há 50 anos, segundo algumas estimativas. O óleo vaza quase que semanalmente, e alguns manguezais encontram-se há muito sem vida.

Talvez nenhum lugar do mundo tenha sido tão maltratado pela exploração do petróleo, dizem especialistas, enquanto os residentes locais ficam impressionados com a atenção ininterrupta dada a um jorro separado por meio mundo de distância, no Golfo do México. Há apenas algumas semanas atrás, dizem, um cano estourado nos manguezais pertencentes à Shell foi finalmente fechado, depois do óleo ser deixado a vazar por dois meses: nada mais vive naquele mundo negro e marrom, que no passado era repleto de camarões e caranguejos.


Não muito longe, ainda se vêem manchas negras no Gio Creek, resultantes de um derramamento em abril passado, e do outro lado da divisa estadual, em Akwa Ibom, os pescadores amaldiçoam suas redes enegrecidas por óleo, duplamente inúteis em um mar estéril, fustigado por um derramamento em uma tubulação offshore da ExxonMobil ocorrido em maio e que durou por semanas.

O óleo é vomitado por tubulações enferrujadas e envelhecidas, e os vazamentos seguem ignorados por conta do que os analistas classificam como uma legislação ineficaz e fraudulenta, somada à sabotagem e à manutenção deficiente. Diante desta maré negra, os protestos são raros – segundo testemunhas, alguns soldados que cuidavam das instalações da ExxonMobil agrediram mulheres que protestavam diante da empresa no mês passado – e o que mais se vê é resignação e ressentimento.

Crianças pequenas nadam no estuário poluído, enquanto pescadores levam seus barcos cada vez mais longe. - "Não há nada que possamos pegar aqui", diz Pius Doron, empoleirado ansiosamente sobre o seu barco - e comerciantes caminham pelos córregos imundos. "Tenho óleo da Shell no meu corpo", diz Hannah Baage, saindo do Gio Creek com um facão para cortar os caules dos pés de aipim equilibrado na cabeça.

O fato de o desastre no Golfo do México ter paralisado um país e um presidente de quem o povo local tanto gosta é uma coisa admirável para os habitantes daqui, que vivem entre os estuários ladeados de palmeiras em condições tão abjetas quanto as que existem em qualquer outro lugar da Nigéria, de acordo com as Nações Unidas. Apesar de sua região contribuir com cerca de 80 por cento das receitas do governo local, toda essa riqueza em nada os beneficia; essa população tem a menor expectativa de vida de toda a Nigéria

"O presidente Obama está preocupado com aquela história" comenta Claytus Kanyie, um funcionário público local sobre o vazamento no Golfo, em pé dentro da lama oleosa do manguezal morto fora de Bodo. "Ninguém está preocupado com esta. A vida aquática que alimentava nosso povo está morrendo. O camarão simplesmente se foi. Não há mais nada."

À distância, a fumaça subia do que o Sr. Kanyie e ativistas ambientais dizem ser uma pequena refinaria clandestina operada por ladrões de óleo locais, protegidos, segundo eles, pelas forças de segurança nigerianas. O brejo se encontrava deserto e silencioso; sequer pássaros havia. O Sr. Kanyie afirma que, antes dos derramamentos, as mulheres de Bodo ganhavam a vida coletando moluscos e crustáceos entre os manguezais.

À luz das novas estimativas, que indicam que mais de 2,5 milhões de galões de petróleo podem estar sendo derramados diariamente no Golfo do México a cada dia, a história do Delta do Níger serve como antecipação para o que pode vir a acontecer nos EUA

Quinhentos e quarenta e seis milhões de galões de óleo foram derramados no Delta do Níger durante as últimas cinco décadas, ou quase 11 milhões de galões por ano, segundo conclusão de um relatório elaborado por uma equipe de especialistas para o governo nigeriano e grupos ambientalistas locais e internacionais, em 2006. Para comparação, o derramamento de Exxon Valdez, em 1989, despejou aproximadamente 10,8 milhões de galões de petróleo nas águas ao largo do Alasca.

Assim, a população local lança um invejoso, embora consternado, olhar ao desastre no Golfo. "Lamentamos por eles, mas isto é o que está acontecendo conosco há 50 anos ", disse Emman Mbong, um funcionário da cidade de Eket.

Os derramamentos são aqui ainda mais devastadores, porque esta região de pantanais ecologicamente delicada, fonte de 10 por cento do óleo importado pelos EUA, concentra a maioria dos manguezais da África, os quais, como a costa da Louisiana, têm alimentado o interior do país durante várias gerações com a sua abundância de peixes, crustáceos, animais selvagens e plantas.

Ano após ano, ambientalistas locais vêm denunciando a destruição, sem êxito. "Trata-se de um ambiente morto", disse Patrick Naagbanton, do Centro de Meio Ambiente, Direitos Humanos e Desenvolvimento em Port Harcourt, a principal cidade da região de exploração petrolífera

Embora haja muita destruição, ainda restam grandes extensões de terra com vida exuberante. Ambientalistas dizem que, com um intenso esforço de restauração, o Delta do Níger poderia voltar a ser o que era.

A Nigéria produziu mais de dois milhões de barris de petróleo por dia durante o ano passado, e em mais de 50 anos milhares de quilômetros de pipelines foram assentados nos pântanos. A Shell, a maior exploradora, tem operações espalhadas por milhares de quilômetros quadrados de território, de acordo com a Anistia Internacional. “Árvores de Natal” enferrujadas brotam, improváveis, nas clareiras entre as palmeiras. De vez em quando, vaza óleo das estruturas abandonadas, mesmo em poços extintos.

"O petróleo estava simplesmente jorrando em fortes jatos", disse Amstel M. Gbarakpor, líder juvenil em Kegbara Dere, recordando o derramamento de abril no Gio Creek. "Foram necessárias três semanas para fechar o poço.”

Quanto desse derramamento se deve à ação de bandidos ou a atos de sabotagem realizados pela guerrilha ativa no Delta do Níger, e quanto decorre da falta de manutenção e tubos de envelhecimento, é objeto de feroz controvérsia entre as comunidades, os ambientalistas e as empresas de petróleo.

Caroline Wittgenstein, um porta-voz da Shell, em Lagos, disse que "nós não discutimos derramamentos isolados", mas argumentou que a "grande maioria” foi causada por sabotagem ou roubo, com apenas 2 por cento devidos a falha de equipamentos ou a erro humano. "Não creio que nos comportemos de forma irresponsável, porém operamos em uma região singular, onde a segurança e a ilegalidade são problemas sérios”, disse a Sra. Wittgenstein.

As empresas petrolíferas também alegam que limpam muito do que é perdido. O porta-voz da Exxon Mobil em Lagos, Nigel A. Cookey-Gam, disse que o último vazamento registrado pela empresa foi de apenas cerca de 8.400 litros, e que "estes foram efetivamente limpos".

Mas muitos especialistas e autoridades locais dizem que as empresas atribuem culpa às sabotagens para se eximir de suas responsabilidades. Richard Steiner, um consultor para derramamentos de óleo, concluiu em um relatório de 2008, que historicamente "a taxa de falhas dos oleodutos na Nigéria é muitas vezes superior à encontrada em outras partes do mundo", observando que mesmo a Shell reconhece que "praticamente todos os anos" ocorrem vazamentos devido à corrosão dos pipelines.

Na praia de Ibeno, os poucos pescadores que ali se encontravam exibiam um semblante sombrio. Durante semanas, um vazamento nos tubos da ExxonMobil espalhou óleo no mar aberto.. "Não sabemos onde pescar; o mar está cheio de óleo", disse Patrick Okoni.

Foto: Jane Hahn/New York Times

"A mídia internacional não nos dá cobertura, por isso ninguém se importa com o assunto", disse Mbong, próximo a Eket. "Nossos gritos não são ouvidos fora daqui."



quinta-feira, julho 15, 2010

Depois da Copa

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Depois da Copa

por D. Demétrio Valentini
15-Jul-2010

Terminou a Copa do Mundo. Os campeões têm direito a festejar, pela proeza de terem chegado vitoriosos ao final.

Mas todos podemos ter motivos de alegria, pelos valores positivos que apresentou esta Copa do Mundo, a primeira a se realizar no continente africano. O mundo tem uma grande dívida com a África.

É muito provável que ela tenha sido o berço da humanidade. Já isto seria motivo de olhar com respeito para a África. Mas nos séculos recentes, a África foi terrivelmente explorada, sobretudo pelas nações européias, que dividiram entre si os territórios africanos, para subjugá-los como colônias, postas a serviço dos interesses dos países dominadores.

Ainda hoje a África paga o pesado preço de ter sido espoliada pela Europa. As próprias fronteiras entre os atuais países africanos, impostas pelo processo colonizador, muitas vezes não correspondem às divisas entre povos e culturas diferentes. Este fato estimulou muitos atritos, que às vezes degeneraram em guerras fratricidas. Tudo porque forçaram populações homogêneas a se separarem, obrigando-as a conviveram com outras de culturas diferentes.

E assim daria para lembrar tantas injustiças cometidas contra a África, da qual se procurou explorar a força humana pela imposição da escravidão, e roubar suas riquezas, deixando para trás rastros de pobreza e de miséria.

Neste sentido, valeu a realização da Copa do Mundo na África do Sul, palco de descriminação racial por longo tempo, cujas conseqüências ainda permanecem em grande parte.

Se houvesse um vencedor a ser designado pelos objetivos de reparação de injustiças e de reconhecimento da dignidade dos contendores, este vencedor seria, sem dúvida, o povo africano.

Independente do campeão, quem merece nossa admiração e nosso apoio é o povo sofrido da África, que tem todo o direito de definir sua vida e traçar o seu futuro.

Levantemos a taça, como brinde para o povo africano!

D. Demetrio Valentini é bispo da diocese de Jales.

Website: Diocese de Jales

Extraído de Correio de Cidadania


segunda-feira, junho 28, 2010

Antepassado da Lucy é descoberto

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Antepassado da Lucy é descoberto
22/6/2010

Agência FAPESP – Um grupo internacional de cientistas concluiu que um esqueleto parcial encontrado recentemente na Etiópia é de um Australopithecus afarensis. Trata-se da mesma espécie da famosa Lucy, descoberta pelo norte-americano Donald Johanson em 1974.

A diferença é que o novo esqueleto viveu há 3,6 milhões de anos, ou cerca de 400 mil anos antes da Lucy, o que implica que características avançadas nos hominídeos, como a postura ereta ao andar, ocorreram antes do que se estimava.

Os resultados da análise preliminar dos ossos encontrados na região de Afar, na Etiópia, serão publicados esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Escavações na área de Woranso-Mille vem sendo conduzidas desde 2005, após a descoberta do fragmento de um osso do braço. Desde então os antropólogos recuperaram alguns dos ossos mais completos já encontrados de hominídeos.

O exemplar do antepassado da Lucy foi denominado Kadanuumuu, que significa “homem grande” em dialeto da região. Os ossos pertenceram a um hominídeo do sexo masculino com cerca de 1,6 metro – Lucy tinha apenas 1,07 metro.

“Esse indivíduo era totalmente bípede e capaz de caminhar como os humanos modernos. Como resultado da descoberta, podemos dizer com confiança que a Lucy e seus parentes eram quase tão eficientes como nós ao andar sobre as duas pernas e que o alongamento de nossas pernas ocorreu antes, em nossa história evolutiva, do que achávamos”, disse Yohannes Haile-Selassie, do Museu de História Natural de Cleveland, nos Estados Unidos.

O artigo An early Australopithecus afarensis postcranium from Woranso-Mille, Ethiopia (doi/10.1073/pnas.1004527107), de Yohannes Haile-Selassie e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.


Extraído de Agência FAPESP
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terça-feira, junho 01, 2010

O que os Massai já sabiam...

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Nomades Massai gozam de muito boa saúde

17 de maio de 2010

Nutricionistas da Universidade de Jena (Alemanha) analisaram a dieta dos Massai

Viajantes que espalharam a imagem
da sede de sangue dos Massai
estavam completamente errados.


O corpo humano é um verdadeiro milagre. Foi o que descobriu a cientista Nadja Knoll nas provas que conseguiu sobre o povo nômade Massai, no Quênia, África Oriental. Para comprovar sua tese, o nutricionista da Universidade Friedrich Schiller, de Jena (Alemanha), analisou a dieta de uma tribo nômade do Distrito Kajiado. Os resultados surpreendentes do estudo mostram que os Massai estão em bom estado de saúde, apesar de uma dieta aparentemente pobre.

As pesquisas de sangue mostraram que existe um elevado teor de ácidos graxos ômega-3 saudáveis nas membranas de eritrócitos, as paredes celulares das células vermelhas do sangue, mesmo que esses elementos não sejam ingeridos. "Nós ficamos surpreendidos com estes resultados. Eles são a prova da enorme capacidade de adaptação do organismo humano", diz o Dr. Gerhard Jahreis do Departamento de Fisiologia da Nutrição, sob cuja orientação foi realizado o estudo.

No entanto, outro achado surpreendente foi o resultado do trabalho de campo na África. O estudo de Nadja Knoll mostra que o que se pensava sobre os padrões tradicionais da dieta Massai está errado. Viajantes na África como Gustav Adolf Fischer (1848-1886) e o inglês Joseph Thomson (1858-1895) espalharam a imagem de sede de sangue dos Massai. De acordo com seus relatórios os pastores consomem principalmente carne, leite e sangue. Uma percentagem particularmente elevada de leite fermentado - uma espécie de iogurte - também foi informada como parte de sua dieta. Os achados e Nadja Knoll pintam um quadro muito diferente. A cientista da Universidade de Jena descobriu que os Massai têm um leite com chá muito açucarado no café da manhã. Alguns Massai comer um tipo de "mingau" pela manhã, uma mistura líquida de fubá, água, leite e açúcar.

(continua... em inglês)



Nomad People Baffle with Good Health in Spite of Malnourishment

17.05.2010

Nutritionists of Jena University (Germany) Analyze the Diet of the Maasai

The human body is a true miracle. For that Nadja Knoll found new proof in the nomad people of the Maasai in Kenya in Eastern Africa. For her thesis the nutritionist from the Friedrich Schiller University Jena (Germany) analyzed the diet of a nomadic tribe in the Kajiado District. The surprising results of the field study show that the Maasai are in a good health status in spite of a one-sided and poor diet.

The blood investigations showed that there is a high content of healthy omega-3 fatty acids in their erythrocyte membranes, the cell walls of the red blood cells, even though they are not ingested. “We were surprised by these results. They are proof for the enormous adaptability of the human organism”, says Prof. Dr. Gerhard Jahreis of the Department of Nutritional Physiology, under whose guidance the study was conducted.

Yet another finding was the outcome of the fieldwork in Africa. Nadja Knoll´s study shows that the traditional story patterns about the Maasai diet are wrong. Travelers in Africa like Gustav Adolf Fischer (1848-1886) and the Englishman Joseph Thomson (1858-1895) spread the image of the blood thirsty Maasai. According to their reports the herdsmen consume mainly meat, milk and blood. A particularly high percentage of fermented milk – a kind of yoghurt – was also said to be part of their diet. Nadja Knoll´s findings paint a very different picture. The scientist of Jena University discovered that the Maasai have strongly sweetened milk tea for breakfast. Some Maasai eat a kind of “porridge” in the morning, a liquid mixture of cormeal, water, some milk and sugar.

For lunch there will be milk and “Ugali”, a kind of polenta being made from cormeal and water. “Dinner is similar to lunch”, says Knoll who points out that she did her field study at the end of the dry season. There may be slightly different results in the – remarkably shorter – rainy season, because then the Maasai livestock produces more milk. This milk will then ferment in calabashes. The outcome of the fermenting process will be a yoghurt-like drink that might have pro-biotic benefits.

It is clear though that meat features only rarely on the Maasai menu. The main part - more than 50 percent - consists of vegetarian food. The preferred meat is that of sheep and goats, whereas the meat of traditional Zebu cattle is only rarely eaten. “A cow will only be slaughtered for ritual festivities by the Maasai”, says Knoll.

Knoll conducted her study together with colleagues of the Jomo Kenyatta University of Agriculture and Technology of Juja/Nairobi (Kenia). Before the fieldwork could begin an ethics commission had to give their approval. Given the high HIV rate in the country especially the planned blood tests were questioned.

The achievements of the Jena nutritionists will be published in an international, renowned scientific journal.

Contact:
Nadja Knoll/Prof. Dr. Gerhard Jahreis
Institute of Nutrition of the Friedrich Schiller University Jena
Dornburger Straße 24
D-07743 Jena
Phone: +49 (0)3641 / 949610
Mail: nadja_knoll[at]gmx.de / b6jage[at]uni-jena.de

Stephan Laudien | Source: Informationsdienst Wissenschaft
Further information: www.uni-jena.de

Original article here

Photo/Foto
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domingo, maio 09, 2010

Burkina Faso: projeto para mulheres agricultoras

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Burkina Faso: projeto apoiado pela ONU estimula a educação e cuidados com a saúde, para mulheres agricultoras


06 de maio de 2010 - Um programa-piloto das Nações Unidas que fornece geradores elétricos para as mulheres agricultores rurais em Burkina Faso, liberta-as de tarefas longas, para que possam dedicar mais tempo à educação, cuidados infantis e de saúde, deve ser adotado em escala nacional.

"Acho que esta tecnologia faz uma enorme diferença para as vidas das mulheres", disse (em 05/05/2010) a Administradora Helen Clark, das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), às beneficiárias, em Kienfangué, uma cidade de 2.500 habitantes perto de Ouagadougou, a capital desse país pobre do Oeste Africano. "Tratar o arroz, no pilão, com a mão é muito difícil e leva muito tempo, mas o gerador pode fazê-lo rapidamente."

O programa de energia e de processamento de alimentos, que está transformando as mulheres em empresários locais, enquanto promove o acesso à energia, tem ajudado a instalar 441 geradores diesel montados em um chassi para o qual podemos agregar uma variedade de equipamentos de processamento, incluindo moinhos, alternadores e carregadores de bateria.

"Ao reduzir algumas das tarefas mais difíceis e demoradas das mulheres, como buscar água, trituração e moagem, o projeto tem ajudado a liberar uma média diária de 3:58 horas para essas mulheres, que as utilizam na educação, no cuidado com as crianças, na melhoria de sua saúde e na geração de fontes adicionais de receitas ", conforme comunicado do PNUD emitido hoje (06 de maio).

Ao reduzir o tempo necessário para processar produtos agrícolas, as agricultoras as mulheres também têm menos necessidade de suas filhas para ajudarem com as tarefas domésticas, elevando a freqüência escolar dessas meninas. Uma avaliação realizada em 14 aldeias na região oriental do Burkina Faso mostra que a alfabetização aumentou de uma média de 29 por cento a 39 por cento após a instalação dos geradores.

Reconhecendo estes resultados, o Governo já assinou um proposta para estender o programa a nível nacional e o programa está igualmente em curso no Mali e no Senegal. Seis outros países na África Ocidental - Benin, Gana, Guiné, Mauritânia, Níger e Togo - criaram seus próprios pilotos do programa.

"Tendo ferramentas como essas em todas as aldeias do Burkina Faso fará uma diferença enorme," Miss Clark disse. "As mulheres são capazes de atuar em atividades comerciais, na medida em que têm mais tempo. Eu percebo que há mais mulheres aprendendo a ler, porque elas têm mais tempo. São muitos, muitos benefícios. "

Em Kienfangué, a tecnologia é usada por 30 mulheres que criaram uma cooperativa denominada Association Faso Solidarité (Associação de Solidariedade Faso). Elas utilizam o gerador para moer cereais, pilar o arroz, e para carregar dezenas de baterias, bem como fazendo geração de energia elétrica para várias construções. Elas alcançam, assim, receitas adicionais, pois a maioria delas vende quantidade maior de arroz.

"Eu costumava ter problemas para vender o meu arroz, porque ele me levaria um dia inteiro para pilar com a mão e o resultado era de má qualidade", disse Maminatou Tassembédoue. "Um saco de 50 kg de arroz pode ficar comigo por duas semanas sem ser vendidos, e eu conseguiria apenas 1,47 dólares por saca. Agora, só gasto 30 minutos para bater o arroz e posso vender dois sacos em um único dia, voltando para casa com US $ 4,90. Com esse dinheiro posso comprar milho para a refeição de casa e sabão. Eu também posso pagar pela educação das crianças e até mesmo colocar algum do dinheiro em um fundo de poupança. "

Miss Clark, em uma visita de quatro países de África, que começou no Mali, no início desta semana, também irá a Tanzânia e África do Sul, também disse ter visto um enorme progresso na luta contra o HIV e SIDA em Burkina Faso, no acesso a água potável para as pessoas, e na educação.

Extraído de UN News
e UNDP / PNUD

Tradução livre de Memorial Lélia Gonzalez
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quarta-feira, abril 28, 2010

Integração Regional da África

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Integração Regional da África – a saída para o desenvolvimento do continente


por João Bosco Monte

Desde a época da independência, praticamente todos os países africanos adotaram o regionalismo como opção de autosustentação. Hoje, existem mais organizações regionais na África ─ (Southern African Development Community (SADC); Southern African Customs Union (SACU); Common Monetary Area (CMA); Preferential Trade Area for Eastern and Southern African States (PTA); Common Market for Eastern and Southern Africa (COMESA); Economic Community of West African States (ECOWAS); Union Douaniere et Economique de l’Afrique Centrale (UDEAC);East African Community (EAC) ─ do que em qualquer outro continente e muitos países estão envolvidos em mais de uma iniciativa de integração regional. Foi exatamente entre as décadas de 1960 e 1980 que mais 200 organizações inter-governamentais de cooperação econômica surgiram no continente africano.

Dessa forma, os governos já perceberam que a integração regional parece ser a estrutura necessária para resolver os obstáculos do comércio entre os Estados africanos e assim a criar maiores mercados regionais, que podem alcançar economias de escala e manter sistemas de produção e mercados ao mesmo tempo em que reforça a competitividade da África.

É importante mencionar que o compromisso com o regionalismo era parte complementar de uma ampla ambição de integração continental, que tem suas raízes no Pan-Africanismo. Este movimento reivindicava princípios comuns de auto-suficiência coletiva e independência política, baseados na defesa dos direitos dos africanos e a unidade da África sob um único Estado soberano, para todos os africanos, tanto os que vivem no continente como os que estão nas diásporas africanas.


Desde o início do processo de descolonização na década de 1960, o estabelecimento de comunidades econômicas sub-regionais foi significativamente importante na estratégia de desenvolvimento da África. Surgem então os acordos patrocinados por organizações de fomento econômico, criadas com o objetivo de promover a cooperação técnica e econômica. Estes acordos regionais na África em geral, procuravam ampliar o crescimento do comércio intra-regional através da eliminação de barreiras tarifárias. Além disso, a intenção era o desenvolvimento regional, através da promoção de diversos setores econômicos, melhoria da infra-estrutura no continente e a execução de projetos de produção em larga escala. E por fim, promover a cooperação monetária.

Durante este período, muitos países africanos implementaram regimes de comércio altamente intervencionista e protecionista, motivados por diversas inquietações, entre as quais podem ser citadas a preocupação fiscal, a proteção da indústria nacional, e principalmente o temor da substituição do precário parque industrial pela política de importação.

O Plano de Ação de Lagos (PAL), aprovado em abril de 1980, em resposta à deterioração da situação econômica na África, propôs uma estratégia para o continente africano em busca de seu desenvolvimento sustentável. O PAL incentiva a busca de três objetivos: (a) elevado e sustentado crescimento econômico, (b) a transformação das estruturas econômicas e sociais, e (c) manutenção de uma base sustentável dos recursos. Assim, a integração regional se constitui o principal impulso para a reestruturação do fragmentado continente africano.

Mas ao longo deste tempo, a política comercial e a estratégia de desenvolvimento econômico da África tiveram duas tendências contrastantes. Embora, no conjunto, os países africanos iniciaram uma “tática” regional introspectiva, em meados da década de 1980, individualmente, os Estados começaram um processo de racionalização e liberalização de seu regime de comércio com terceiros países. Essa nova postura se adequou ao ajustamento estrutural dos programas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, objetivando uma maior integração da África na da economia mundial.

Durante este período, pode-se dizer que houve uma parada efetiva das ações de vários grupos regionais na África, pois a atenção dos formuladores das políticas africanas se desviou da integração regional para a implementação do ajuste estrutural e os programas de liberalização econômica.

No entanto, a abordagem regional continuou sendo considerada como a melhor ferramenta para o desenvolvimento do continente africano. E um novo capítulo na história da África é iniciado com a instituição da African Economic Community -AEC em Abuja, na Nigéria, em junho de 1991. O foco as ações da AEC é a integração econômica regional.onde desafios foram estabelecidos como a circulação de moeda comum até 2027, a plena mobilidade dos fatores de produção e a livre negociação de bens e serviços entre os países africanos.

O ano de 2001 registrou uma aceleração das discussões políticas sobre a integração regional com o estabelecimento da União Africano (UA) e do lançamento da Nova Parceria para o Africano Desenvolvimento da África (NEPAD). As ações da NEPAD se centram na racionalização do aparelho estatal em busca do desenvolvimento econômico regional, através da identificação de projetos comuns compatíveis com as demandas e as afinidades dos diversos países.

Assim, dentre os objetivos da NEPAD constam a prestação de essencial bens públicos (tais como transporte, energia, água, informação, comunicação e tecnologia, erradicação da doença e preservação ambiental), bem como a promoção do comércio intra-africano e atração de investimentos externos.

Uma característica notável de integração regional na África pode ser percebida através da participação dos estados africanos em vários acordos comerciais regionais. Atualmente, dos 53 países, 27 são membros de duas organizações regionais, 18 pertencem a três, um país participa de quatro entidades. Para fechar a conta, sete países mantiveram participação em apenas um bloco.

É importante salientar que na busca pela unidade e pela estratégia de desenvolvimento coletivo, algumas nações vem estabelecendo uma série de parcerias externas, que o continente tem se esforçado para enfrentar coletivamente. Entre essas parcerias externas podemos citar a entrada de diversos paises na Organização Mundial do Comércio, os acordos com o Caribe e o Pacífico, e as ações com a União Européia. Não podemos deixar de lado os laços comerciais já estabelecidos com grandes parceiros como os Estados Unidos, Brasil, Índia e principalmente a China.

João Bosco Monte é Professor da Universidade de Fortaleza

Fonte: Mundorama

sábado, abril 24, 2010

Nobel da Paz 2011 para as Mulheres Africanas

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Apelo: Prêmio Nobel da Paz 2011 para as Mulheres Africanas

Sábado, 24 de abril de 2010


A África caminha com os pés das mulheres. No desafio da sobrevivência, todos os dias centenas de milhares de mulheres africanas percorrem as estradas do continente à procura de uma paz duradoura e de uma vida digna. Num continente massacrado há séculos, marcado pela pobreza e sucessivas crises econômicas, o papel desenvolvido pelas mulheres é notório.

A campanha, nascida na Itália, já percorre o mundo para incentivar a entrega do Prêmio Nobel da Paz de 2011 para as mulheres africanas.

A proposta é da CIPSI, coordenação de 48 associações de solidariedade internacional, e da ChiAma África, surgida no Senegal, em Dakar, durante o seminário internacional por um Novo Pacto de Solidariedade entre Europa e África, que aconteceu de 28 a 30 de dezembro de 2008.

Chama a atenção a luta e o crescente papel que as mulheres africanas desenvolvem, tanto nas aldeias, quanto nas grandes cidades, em busca de melhor condição de vida. São elas que sustentam a economia familiar realizando qualquer atividade, principalmente na economia informal, que permite cada dia reproduzir o milagre da sobrevivência.

Existem na África milhares de cooperativas que reúnem mulheres envolvidas na agricultura, no comércio, na formação, no processamento de produtos agrícolas. Há décadas, elas são protagonistas também na área de microfinanças, e foi graças ao microcrédito que surgiram milhares de pequenas empresas, beneficiando o desenvolvimento econômico e social, nas áreas mais remotas até as mais desenvolvidas do continente.

Além de terem destaque cada vez mais crescente na área de geração de emprego e renda, as mulheres, com seu natural instinto materno e protetor, lutam pela defesa da saúde, principalmente, contra o HIV e a malária. São elas, as mulheres africanas, que promovem a educação sanitária nas aldeias. E, além de tudo, lutam para combater uma prática tão tradicional e cruel na região: a mutilação genital.
São milhares as organizações de mulheres comprometidas na política, nas problemáticas sociais, na construção da paz.


Na África varrida pelas guerras, as mulheres sofrem as penas dos pais, dos irmãos, dos maridos, dos filhos destinados ao massacre e sabem, ainda, acolher os pequenos que ficam órfãos.


“As mulheres africanas tecem a vida”, escreve a poetisa Elisa Kidané da Eritréia.
Sem o hoje das mulheres, não haveria nenhum amanhã para a África.

Em virtude de toda essa luta e para reconhecer o papel de todas elas é que surgiu a proposta de lançar uma Campanha Internacional para dar o Prêmio Nobel da Paz de 2011, a todas as mulheres africanas. Trata-se de uma proposta diferente, já que esta não é uma campanha para atribuir o Nobel a uma pessoa singular ou a uma associação, mas sim, um Prêmio Coletivo, a todas essas guerreiras.

A ideia é lançar um manifesto assinado por milhões de pessoas, por personalidades reconhecidas internacionalmente e criar comitês nacionais e internacionais na África e em outros continentes. Além de recolher assinaturas, a campanha deve estimular também encontros organizados com mulheres africanas, convenções e iniciativas de movimento.

Nós, latino-americanos e latino-americanas, temos muito sangue africano em nossas veias e em nossas culturas. Vamos gritar nossa solidariedade com a África assinando a petição.

A criatividade dos Movimentos Sociais e Populares, das ONGs, grupos religiosos, universidades, sindicatos, etc., pode inventar mil atividades para difundir essa iniciativa e colocar a mulher africana no centro da opinião pública do mundo.

Pode-se criar comitês, eventos com debates sobre a África, show de artistas locais, palestras nas universidades, nos bairros, nas praças, lançamentos da coleta de assinaturas, etc. Nossa criatividade vai fortalecer os caminhos da África.


Os membros da campanha são todos aqueles que assinarem a petição online. E para fazê-lo é simples. Para assinar a petição, acesse o link AQUI.

Para mais informações, contate a Campanha pelo endereço: info@noppaw.org ou segretaria@noppaw.org ou no site www.noppaw.org

Links para BAIXAR OS BANNERS da Campanha - para seus sites, newsletters, Blogs:

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Recebido de Jorge Luís Rodrigues dos Santos, a quem agradecemos.

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