sexta-feira, novembro 02, 2007

África à espera de revolução da Internet - 2012

Darren Waters
Editor da Tecnologia da BBC


Cerca de quatro em cada 100 pessoas usa internet em África

Mais de um terço de cidadãos africanos deverão ter acesso à internet no ano de 2012, revela uma conferência de líderes do mundo tecnológico, que começou nesta segunda-feira - 29 outubro, 2007 - em Ruanda.

Pouco mais de quatro em cada 100 africanos usa internet e, o acesso à banda larga é inferior a 1%.

As barreiras ao acesso da banda larga são os pontos-chave da reunião 'Conectando África' em Kigali, Ruanda, que começa esta segunda-feira.

O Dr. Hamadoun Toure, Director da União Internacional das Telecomunicações (ITU) apela à 'acção imediata'.

Participam na conferência, representações de organizações, tais como o Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde das Nações Unidas, além de destacados peritos do mundo da tecnologia, como é o caso do Presidente da Intel, Craig Barrett.

Os participantes foram todos convidados a fazer compromissos financeiros para fomentar a tecnologia e as telecomunicações no continente. Mais de três mil milhões de dólares foram angariados até a data.

O Dr. Toure afirmou que apesar do quadro desanimador das questões de acesso à internet em África, existem inúmeras oportunidades.

Ele disse à BBC: 'Se tivermos apenas 1% do acesso à banda larga hoje, teremos 99% de oportunidades'.

O uso de telemóvel está a crescer imensamente em África

'As boas notícias são as de que África tem tido o crescimento mais acentuado do uso de telemóvel numa escala global - o dobro da taxa global, nos últimos três anos.'

'Pela primeira vez, os indicadores econômicos de África são positivos.'

Em Ruanda, o acesso à internet é limitado e as ligações de alta velocidade são raras, disseram funcionários e usuários no país ao programa do Planeta digital da BBC.

'Poucos estudantes têm possibilidade de conectar-se à internet em simultâneo,' confessou Marie-Josee Ufitamahoro, uma estudante do Instituto de tecnologia em Kigali.

'Por exemplo, uma turma de 40 alunos precisa que cada aluno esteja conectado, portanto o que nós precisamos é uma banda larga maior, de modo a que possamos partilhar idéias com estudantes de outras partes do mundo.'

Albert Butare, o Ministro das Telecomunicações e Energia do estado de Ruanda, disse que a necessidade de banda larga é crítica.

'É o que comanda a velocidade da internet, a qualidade da conexão, determinando se podemos ou não fazer uma vídeo conferência,' disse ele.

'Se falamos de telemedicina ou aprendizagem à distância, precisamos de imagens e som com qualidade.'

O Dr. Toure disse que a conferência precisa de levar a cabo ações quanto a questões persistentes em alguns países africanos, que por vezes impedem o desenvolvimento no acesso à internet.

'Os Chefes do Estado presentes darão garantias ao sector privado em relação à possibilidade de um competição e criação de um ambiente regular onde eles se possam envolver,' disse. 'O sector privado externo e interno a África realizará parcerias proveitosas.'

Um dos maiores problemas que o desenvolvimento da internet enfrenta em África é a escassez de interconectividade. Mais de 70% do tráfego digital em África é conduzido fora do continente, o que aumenta os custos para os negócios e os consumidores.

'Isto é um sério problema e será discutido', adianta Toure.

Mas ele afirma que África não deve procurar um tratamento especial por parte do sector privado das tecnologias.

'África tem que criar as oportunidades; África não precisa de caridade,' acrescenta.

'Nós precisamos estar seguros de que temos um ambiente propício a atrair o investimento do sector privado. Não há nada errado em ter lucros em África.'

A União Internacional das Telecomunicações (ITU) diz que mais de oito mil milhões de dólares foram investidos em infra-estruturas nas telecomunicações por toda a África em 2005.

O Dr. Toure afirmou que o desafio para a ITU seria os peritos tecnológicos e as companhias ajudarem África a atingir os seus objetivos de desenvolvimento do milênio por volta de 2015.

Na esfera da tecnologia, isso significa fácil acesso à informação e comunicação tecnológica para mais de metade da população do continente, no espaço de oito anos.

fonte: BBC