domingo, junho 15, 2008

Universidade para integração Brasil e África


Universidade integrará países de língua portuguesa
13/06/2008 15:40 - Por Zé Dirceu

O Ministério da Educação (MEC) prepara a criação de uma universidade internacional voltada especialmente à integração entre o Brasil e a África. Com o nome (provisório) de Universidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (UniCPLP), a nova instituição deverá entrar em funcionamento a partir de 2010, mas a seleção começa já no próximo ano.

A expectativa é de que pelo menos metade dos 10 mil alunos virá dos países de língua portuguesa da África - Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde - e da Ásia, do Timor Leste. A sede ficará na cidade de Redenção, interior do Ceará, por ter sido a pioneira na abolição da escravidão no Brasil, ainda antes do decreto assinado pela princesa Isabel, em 13 de maio 1888.

Formação de professores, Ciências da Saúde, Agricultura e Administração estão entre os cursos previstos, justamente porque vão de encontro às maiores necessidades educacionais e profissionais do continente africano. A universidade é mais uma iniciativa do governo Lula para fortalecer a união histórica entre brasileiros e africanos e integrar os inúmeros países de língua portuguesa, ampliando seus horizontes culturais, econômicos e sociais.

À criação da UniCPLP soma-se a da Universidade Federal da Integração Latino-Amerciana, com sede em Foz do Iguaçu (PR) e que iniciará suas atividades ainda em 2008. O objetivo é o mesmo: ajudar na integração dos países latino-americanos com aulas em português e espanhol.

http://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3406&Itemid=105

recebido de Juliana Borges - jubabiba@yahoo.com.br; em mulheresnegras@yahoogrupos.com.br

Continente africano está esgotando seus recursos naturais, diz o WWF

Muitos países africanos estão perdendo rapidamente seus recursos naturais, conforme suas populações crescentes levam o continente ao limite ecológico, disse a organização WWF nesta segunda-feira (9 de junho de 2008).

O alerta foi emitido no primeiro relatório detalhado sobre a pegada ecológica da África - área estimada de um país ou de sua superfície de terra e água que é usada, anualmente, para suprir as necessidades de consumo de seu povo.

"Um crescente número de países africanos está reduzindo seus recursos naturais - ou vão, em pouco tempo, fazer isso - mais rápido do que podem ser substituídos", disse o presidente da WWF, Emeka Anyaoku, apresentando os dados na conferência de Johannesburgo.

O relatório coloca Egito, Líbia e Argélia no topo da lista das nações do continente que já vivem muito além de suas possibilidades ecológicas.

No entanto, nove outros também estão gastando sua biocapacidade: Marrocos, Tunísia, Etiópia, Quênia, Uganda, Senegal, Nigéria, África do Sul e Zimbábue.

A organização suíça, anteriormente conhecida como Fundo Mundial para a Natureza, mas agora identificada apenas por sua sigla em inglês e por seu logo, que estampa um panda, produziu o relatório "Africa-Ecological Footprint and Human Well-being" (Pegadas ecológicas na África e Bem-Estar Humano, em tradução livre) juntamente com o grupo de pesquisa norte-americano Global Footprint Network.

O trabalho diz que apesar do consumo elevado dos recursos de alguns países, a pegada é, em geral, de 1,1 hectare de terra e mar - ainda atrás da biocapacidade total do continente, de 1,3 hectare por cabeça.

Os números da África ainda estão bem atrás da média global de pegada de 2,2 hectares por pessoa que, com 1,8 hectare disponível, corre a taxas que sugerem que o homem vai precisar de dois planetas até 2050.

No entanto, o grande perigo para o continente é que sua população de cerca de 680 milhões de pessoas está crescendo rapidamente e está prevista para dobrar até 2050, significando que a África vai representar um quarto da população do mundo.

Embora o desenvolvimento seja vital para os africanos, eles têm que "trabalhar com, ao invés de contra, sua reserva ecológica", disse o diretor da Global Footprint Network, Mathis Wackernagel.

"O desenvolvimento que ignora os limites dos recursos naturais termina impondo custos desproporcionais às pessoas mais vulneráveis e dependentes da saúde dos sistemas naturais, como a população rural pobre", disse. (Fonte: Estadão Online)

http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=38693

sexta-feira, junho 13, 2008

Racismo quebra equilíbrio social na África, Itália e Israel

------------------------------------------------ imagem: Google Maps
Written by Achille Lollo - Jun 01, 2008 at 04:03 AM

O mês de maio foi caracterizado por manifestações racistas e xenófobas contra os imigrantes nos países do primeiro mundo e do terceiro mundo. A África do Sul foi palco de inusitados padrões de violência organizada, nos quais o sentimento de rancor das populações negras não é contra a cada vez mais rica e preconceituosa comunidade branca. Hoje, os pobre sul-africanos são os que mais manifestam ódio, desprezo, antipatia e raiva contra os imigrantes pobres de raça negra originários do Zimbábue, Moçambique, Maláui e Somália.

Diferentemente do passado, o que prevalece é a aversão a pessoas estrangeiras, mais conhecida por xenofobia. Os partidos da direita européia exploram tais sentimentos tentando de promover as manifestações contra os imigrantes para reforçar sua imagem política, sobretudo entre os trabalhadores e a classe média. .De fato, quando as violências, verbais e físicas contra os imigrantes ganham amplitude racista na mídia, a classe política conservadora não condena, mas justifica com uma falsa crítica, dizendo que se trata apenas de “excessos provocados por algumas minorias”.

Exército de reserva

Na verdade, as manifestações racistas e xenófobas são o elemento determinante para iludir os setores pobres, apresentando o imigrante estrangeiro como o inimigo central. Desta forma, os governos evitam, com facilidade, o debate sobre o modelo de exploração da sociedade neoliberal e os motivos que colocam os trabalhadores pobres e desempregados nacionais contra os imigrantes, também pobres e desempregados.

Na verdade, o cerne do conflito é a redução do custo do trabalho no âmbito da globalização industrial. Por isso, o modelo neoliberal otimizou, do ponto de vista institucional os fluxos migratórios (oficial e clandestino) para rebaixar o custo de trabalho da mão-de-obra empregada e, assim, rentabilizar o crescimento industrial dos paises centrais e de alguns emergentes, como a África do Sul.

Este processo favoreceu o surgimento de um segundo exercito de reserva de mão-de-obra barata, que não enfrenta mais o capital para afirmar seu real valor. Pelo contrário, aceita concorrer no mercado de trabalho, desvalorizando a si próprio. Por outro lado, o regime de exploração e o isolamento sócio-cultural faz com que grande parte dos trabalhadores imigrantes passem a ignorar os parâmetros sindicais, rompendo com a unidade de luta dos trabalhadores.

Consequentemente, nos populosos e carentes cinturões suburbanos, surgem novos guetos culturalmente fechados que, com extrema facilidade, se tornam coniventes com a “economia ilegal” organizada pelo submundo criminoso. Elemento que a mídia enxerga e manipula para insuflar na sociedade as argumentações racistas. De fato, nos últimos anos, a principal tônica editorial de muitos tablóides populares europeus é a seguinte: ”Sem os imigrantes, não haveria violência e degradação em nossas cidades!!!”.

Caos na África do Sul

Seria mentira dizer que o presidente sul-africano Thabo Mbeki, o líder do partido de governo ANC (African Nacional Congress) Jacob Zuma, e o chefe dos serviços de informação, Manala Manzini, foram apanhados de surpresas pelos tumultos raciais que, no dia 11 de maio, explodiram em Alexandra, a imensa favela de Joannesburgo. Alguns dias depois, a violência se espalhou, sob forma de guerra de gangues, saques e linchamentos, em todas as províncias das minas de ouro de Gautang, atingindo, no dia 25 de maio, as cidades de Durban e Cidade do Cabo.

Os resultados deste conflito interno é desanimador: 45 mortos a tiros, esfaqueados, queimados ou linchados; 450 presos; uns 3 mil imigrantes, na maioria zimbabuanos, hospitalizados com ferimentos e queimaduras graves; mais de 10.000 imigrantes feridos que não puderam chegar aos postos de saúde por não poder circular nos bairros sem ser objeto de mais violência; cerca de 11 mil imigrantes já voltaram para Moçambique, enquanto outros 16.000 se refugiaram nas igrejas; uns 20.000 ficam acampados pertos das delegacias policias e outros 5.000 foram recebidos pelos centros sociais dos quais o de Germiston é o mais cheio com 2.000 pessoas, na maioria jovens e crianças, acampados no campo de futebol.

Para a central sindical COSATU – que é bastante critica com as opções neoliberais do presidente Thabo Mbeki e da maioria do partido ANC — o problema dos imigrantes começou quando explodiu a crise no Zimbábue. De fato, a repressão de Mugabe e um fajuto sistema eleitoral provocaram a fuga em massa de quase 3 milhões de zimbabuanos, na maioria camponeses da etnia matebele. O governo sul-africano os acolheu, mas nada fez para organizar sua integração no país. Dessa forma, a maioria dos imigrantes foi construindo suas miseráveis favelas ao lado das que já existiam em Joannesburgo, Durban e Cape Town.

Milhões de imigrantes

A endêmica pobreza de Maláui, Moçambique e Lesotho – como aos tempos do Apartheid - fez deslocar para a África do Sul mais de 2 milhões de imigrantes, na maioria homens. Além disso, nos últimos anos, chegaram da Somália e da região de Darfur, no Sudão, outros de 800.000 imigrantes. Nesse caldeirão de nacionalidades devemos juntar os milhares de paquistaneses, indianos, cingaleses, árabes, filipinos e chineses que emigraram monopolizando o setor comercial dos bairros pobres e favelas habitadas pelos imigrantes.

Hoje, Manala Manzini, o poderoso chefe dos serviços de informação, denuncia os partidários zulus do partido de oposição Inkatha, liderado pelo chefe tradicional Gatsha Buthelezi, salientando que "...Existe um esforço deliberado, orquestrado e bem planejado para que os tumultos explodissem um bairro após outro. Temos informações de que os elementos envolvidos nas violências que procederam as eleições de 1994, agora estariam envolvidos no monitoramento dos tumultos. Trata-se de elementos negros da etnia zulu ligados as antigas forças de seguranças do apartheid. Não há dúvida de que alguns dirigentes do Partido Inkatha (IFP) estejam envolvidos nisso”.

Por sua parte Jacob Zuma , líder do ANC e candidato à sucessão de Thabo Mbeki na presidência, é mais enfático em acusar os pequenos comerciantes por terem insuflado os sentimentos xenófobos dos moradores pobres sul-africanos, cuja onda de violência castigou milhares de pequenos comerciantes imigrantes, sobretudo árabes, somali e sudaneses, cujas lojas foram todas saqueadas e incendiadas.

Estado mínimo

Os dirigentes do COSATU explicam que, em Joannesburgo, a barbárie das gangues chegou ao ponto mais alto, porque o governo não controla mais as favelas e os cinturões suburbanos.. Diariamente, na capital financeira da África do Sul, são assassinadas 50 pessoas, vitimas de assaltos nas ruas das favelas. E a policia é praticamente ausente. De fato, para sedar os tumultos, o presidente Mbeki, no dia 23, teve que assinar um decreto especial e temporário para que os batalhões do exército fossem utilizados para dar cobertura às unidades de choque da polícia, como aos tempos do Apartheid.

Winnie Mandela, a ex-mulher de Nelson Mandela, entrevistada pela televisão sul-africana, advertiu que, num futuro próximo, os bandos xenófobos poderão atacar os trens suburbanos que diariamente transportam os milhares de imigrantes que vão trabalhar nas minas de ouro e de carvão da região de Gautang.

Qual seria o motivo desta renovada raiva? É muito simples, os imigrantes zimbabuanos, moçambicanos e do Maláui aceitam trabalhar por um salário 50% menor. Por isso as direções das diferentes minas despedem os mineiros sul-africanos e contatam, a cada semana, cada vez mais imigrantes que aceitam de trabalhar fora das regras fixadas pelos contratos nacionais assinados pelos sindicatos.

Algo semelhante aconteceu nos Estados Unidos, depois da crise de 1929, quando os empresários pagavam as gangues mafiosas italianas e irlandesas para usar os imigrantes como fura-greves e espancar os militantes dos sindicatos socialistas!!!

Imigração Clandestina

Na Itália, o ministro do Interior do governo Berlusconi, assinou o decreto Lei que introduz no pacote de Leis de Seguranças o crime de “Imigração Clandestina”. Em Israel, o vice ministro da Defesa, Matan Vilnai e a comissão de defesa e relação exteriores do Knesset (Parlamento) votou a favor uma lei que pune o imigrante clandestino com cinco anos de prisão. Caso seja reincidente a pena será de sete anos. Porém, se o imigrante vem de uma nação considerada “estado inimigo”, como por exemplo Sudão, Irã, Síria e a própria Faixa Gaza a pena é de 10,5 anos. Além disso se o infeliz é preso com uma faca ou outra arma, a mesma pena será aumentada até 20 anos.

No Parlamento israelense, somente o deputado comunista votou contra. Os demais levantaram a mão, representando, assim, o consenso xenófobo e racista da maioria da sociedade israelense. Consenso xenófobo, que também a maioria dos italianos legitimou ao eleger Silvio Berlusconi para o cargo de primeiro-ministro; e perseguir os imigrantes.

Na Itália, o ministro do Interior do governo Berlusconi, assinou um decreto que introduz no pacote de Leis de Seguranças o crime de “Imigração Clandestina”. Neste clima os rumenos - os mais pobres da Europa que emigraram para receber as migalhas do bem-estar italiano – foram as primeiras vítimas do “Bel Paese” de Berlusconi.

Na verdade, logo após a posse do novo governo, em quase todas as grandes e médias as cidades italianas houve manifestações de violência contra os imigrantes. Em Nápoles e em Roma, por exemplo, grupos organizados chegaram a atacar as comunidades romenas até com bombas incendiárias. Ataques que fazem lembrar as violências dos neonazistas alemães contra os imigrantes turcos.

No ultimo fim de semana, em quase todas as cidades do norte da Itália, os membros do partido xenófobo de Ugo Bossi e Roberto Maroni (ministro pelas Reformas Institucionais e ministro do Interior) organizam as “rondas” com o objetivo de livrar bares e ruas públicas da presença de árabes e negros. Uma vez capturados, os imigrantes são regularmente espancados com cassete ou barras de metais sob o olhar dos moradores. Muitos dos quais batem palmas como aconteceu em Roma, no bairro de Pigneto, quando uma ronda linchou um imigrante rumeno que trabalhava de garçom em um bar. (BRASIL DE FATO – Edição nº274 de 29-05/04-06/2008)

Achille Lollo, é jornalista italiano, diretor do documentário “América Latina: Desenvolvimento ou Mercado” disponível em DVD no http://www.portalpopular.org.br/

fonte:
http://www.portalpopular.org.br/mambof/index.php?option=com_content&task=view&id=755&Itemid=47